quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

A esquerda que se "coliga" com a direita

No debate de ontem, na Assembleia da República, José Sócrates disse, a Francisco Louçã, o óbvio em termos de relacionamento e escrutínio político: “ninguém está acima da crítica”.

Esta questão, que o líder do BE dirigiu ao Primeiro-Ministro, não tem nada de inocente e surge na sequência do debate dos últimos dias em relação a intervenções públicas do Presidente da República e posições de elementos do PS.

Obviamente, o Chefe de Estado português, qualquer que ele seja, merece o máximo respeito. Porém, respeito não é sinónimo de condição intocável e desprovido de crítica. Todos os eleitos o foram. De Eanes a Sampaio (e como este chegou a ser muito criticado por vários militantes do PS), nenhum se salvou de comentários e análises nem sempre concordantes com o seu mandato.

Mas o que esta questão traz de novo é a defesa acérrima que PCP e BE têm feito de Cavaco Silva, como nunca se viu, numa lógica de condicionar e prejudicar o PS, ainda que, na dialética apresentada por comunistas e bloquistas o sentido é o PS procurar condicionar Cavaco Silva.

Como os seus quase quatro anos de mandato presidencial demonstraram, Cavaco Silva não é influenciável, muito menos condicionável por São Bento ou pelo PS.

O que é estranho, para não dizer típico, é a aliança que a esquerda à esquerda do PS tem feito com a direita, desde as legislativas de Setembro. Ainda que, aos quatro ventos, se digam distantes do PSD e do CDS.

No fundo, percebem-se as causas e valores que movem a esquerda não socialista: limitar o PS e, com isso, sem ou com querer, ajudar a direita.

Carlos Manuel Castro

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