
“Cavaco Silva falou hoje finalmente dos juros da dívida” afirmou logo de início. “Mas não foi para atacar os especuladores” explicou, “foi para fazer uma chantagem inadmissível contra a escolha livre e democrática dos portugueses”. Alegre confrontou directamente o seu adversário: “Eu pergunto ao candidato Cavaco Silva, ao longo dos últimos meses, o que fez para ajudar a aliviar a pressão especulativa sobre Portugal, que apoio concreto deu ao Estado e à República, naquela que devia ter sido uma defesa solidária do interesse nacional.”
Resumindo de certo modo a sua campanha, Alegre afirmou: “Eu não insultei ninguém. Eu não disse que havia medíocres na outra candidatura. Eu não chamei louco a ninguém, eu não desqualifiquei ninguém. Eu expus as minhas ideias, eu critiquei ideias contrárias, defendi uma outra visão de Portugal, uma outra visão da Europa, uma outra visão do que é a função presidencial. Isso é a democracia, isso é o confronto democrático”, afirmou, para de seguida rematar: “Quem acha que a divergência é um ataque pessoal ou um insulto é porque não compreendeu a democracia.”
Manuel Alegre expôs as causas centrais da sua candidatura, considerando que ela representa “uma concepção progressista da democracia, como democracia política, económica, social e cultural, por oposição a uma concepção conservadora, a uma concepção neo-liberal, à concepção do Estado mínimo, que é um Estado mínimo para os povo e um Estado máximo para os poderosos e para os grandes interesses”.
Numa intervenção enérgica, como sempre, mas muito afectiva, Alegre agradeceu pessoalmente a todos os que o têm acompanhado, chamando-os pelos seus nomes; e até agradeceu aos jornalistas, que “tiveram que ouvir muitas vezes o mesmo discurso e com os quais várias vezes, é verdade, eu também me irritei. Mas ainda bem que podemos irritar-nos uns com os outros, porque isso é sinal de que há liberdade de expressão e liberdade de imprensa em Portugal.” Insistindo sempre na importância do debate democrático, Manuel Alegre defendeu “o direito de escrutinar”. “Todos os homens públicos estão sujeitos a isso”, disse, “não têm que ofender-se, não têm que fazer de vítimas, têm é que responder às perguntas incómodas” “porque isso é bom para a democracia, é bom para a República, é bom para todos nós”.
Emocionado com a sintonia que foi sentindo, em todo o discurso, por parte de uma assistência muito participativa, Manuel Alegre terminou com um apelo: “Não se deixem esmorecer, nem manipular, nem intimidar”, pois “ninguém vai quebrar esta onda que é uma onda democrática, que é uma onda de responsabilidade cívica, que é uma onda pela democracia e pelo Estado social”.
Antes de Manuel Alegre usaram da palavra Francisco Louçã,do BE a escritora independente Hélia Correia e o presidente da Câmara de Lisboa, António Costa.
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