quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Não tenho de Portugal uma visão abdicativa



Não tenho de Portugal uma visão abdicativa” afirmou Manuel Alegre ontem, em declarações sobre a ameaça do FMI entrar em Portugal. Alegre denunciou o “propósito de encostar Portugal à parede, à semelhança daquilo que foi feito à Grécia e à Irlanda”. “E se isso não aconteceu ainda é porque têm medo do contágio com a Espanha”, considerou. Comentando aos jornalistas os resultados apresentados pelo governo sobre o cumprimento das metas orçamentais, Alegre considerou-os satisfatórios, mas voltou a insistir em que, se fosse Presidente da República, “neste momento não estaria calado perante esta especulação”.
“Eu não diria que nunca estaria pronto a governar com o FMI, porque o FMI significa o despedimento de muitas pessoas e seria esta austeridade multiplicada por dez ou por quinze”, alertou o candidato, que garantiu que “com este ou com outro Governo qualquer” faria esforços por convencer “que se tomassem medidas e que se conversasse com os dirigentes de outros países para que se resolva o problema no quadro europeu”.“Se não, vamos ter uma fractura na zona Euro”, avisou.
“Aquilo de que nós precisávamos eram medidas de estímulo à economia, políticas de crescimento, que aumentem a competitividade da nossa economia e que ajudem a mudar o nosso modelo de desenvolvimento”, disse ainda Manuel Alegre, que há muito vem pondo em causa o modelo de austeridade sem outros horizontes que tem vindo a ser imposto na zona euro aos países periféricos.
À noite, no comício em Faro, Manuel Alegre desenvolveu a bipolarização entre a sua candidatura e a candidatura de Cavaco Silva. “Temos de decidir se queremos um Presidente que esteja perto daqueles que mais sofrem, ou um Presidente que esteja mais perto dos que mais têm e dos que menos sofrem – e que são aqueles, quase todos, que estão nas suas comissões de honra e política”, disse. “Candidato-me por uma República entendida como serviço público, com o primado pelo interesse geral, contra o clientelismo, contra o amiguismo, contra a promiscuidade entre negócios e política”, declarou ainda Manuel Alegre.
“O Presidente da República não pode comportar-se como um aluno bem comportado, de forma acrítica, porque não quero Portugal de joelhos, eu quero Portugal de pé, quero Portugal na Europa mas com uma voz crítica, defendendo a igualdade entre todos os Estados soberanos”, declarou, recebendo uma prolongada salva de palmas.
Para Alegre, a força de Portugal “não está na economia nem no poder militar, mas na História, na cultura e na língua portuguesa”. “Precisamos de um Presidente que não confunda Portugal com um manual de finanças. A economia é importante, mas um país não é só economia, porque o país não é uma sebenta de finanças. O país é os Lusíadas, é a Mensagem de Fernando Pessoa, é Teixeira Gomes, são os seus grandes poetas e as suas grandes figuras”, contrapôs.
Antes de Manuel Alegre, discursaram no comício de Faro o seu mandatário distrital, o histórico socialista Luís Filipe Madeira, assim como os deputados Miguel Freitas (PS) e Cecília Honório (Bloco de Esquerda).

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