terça-feira, 17 de maio de 2011

A "ignorância" de Maria Helena...


Era uma vez a Maria Helena.

Maria Helena nasceu há 52 anos, numa aldeia do interior Português, vivendo, com os pais, desde os 5 anos na região de Lisboa.

Os pais de Maria Helena eram humildes. O pai carpinteiro, mãe doméstica. Como o dinheiro era pouco, tanto ela como os seus quatro irmãos tiveram de abandonar a escola cedo demais, logo após a conclusão da antiga 4ª classe.

Maria Helena soube, desde os onze anos, o que era trabalhar. Primeiro numa alfaiataria, onde entrou como aprendiz, e depois numa fábrica de transformação de papel, para onde entrou como manobradora de máquinas, tendo depois passado para o sector administrativo.

Casou com apenas 21 anos e como mãe de três filhos não teve possibilidade de frequentar o ensino nocturno. Mas à custa de muito esforço, dedicação pessoal, e formação profissional, aprendeu a escrever à máquina, aprendeu técnicas de contabilidade, aprendeu a lidar com telex, depois com fax e aprendeu a trabalhar com computadores.

Muitas foram, assim, as competências adquiridas por Maria Helena durante os 43 anos em que trabalhou e viu os seus filhos crescerem e completarem cursos superiores. Mas a mágoa de não ter continuado os estudos, nunca a abandonou.

Inscreveu-se no programa “Novas Oportunidades” e validou as competências que adquiriu durante 4 décadas.

Pedro Passos Coelho apelidou o diploma de Maria Helena, que mais não é do que o reconhecimento deste percurso brilhante, feito à custa de muito esforço e dedicação pessoais, como uma “credenciação à ignorância”.

Maria Helena é um nome ficcionado e a sua história é igual à história de tantos dos 500 mil portugueses certificados pelo Programa Novas Oportunidades, um programa que prestigiadas organizações nacionais e internacionais, como a UNESCO, a OCDE e a UE, reconhecem e elogiam. Este programa foi também avalido pela Universidade Católica, através de um estudo coordenado por Roberto Carneiro.

Os meio milhão de “Marias Helenas” deste País não são ignorantes, bem pelo contrário, percebem bem o rumo que o PSD de Passos Coelho, o PSD mais elitista, mais à direita e com a agenda mais neoliberal da história da democracia portuguesa, quer para este País e irão, seguramente, dar nas urnas uma resposta informada e qualificada!

Susana Guerreiro

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