segunda-feira, 1 de março de 2010

A conspiração falhada

Existe em Portugal uma conspiração contra o actual poder executivo. Sabemos que não é de agora. Há alguns anos que assim é. Mas estamos em nova agudização. O ciclo é de ataque frontal e combinado. Os órgãos de comunicação social (de ora em diante referidos como OCS) do nosso país, praticamente todos (que me perdoem os outros), têm uma obsessão: a de levarem o governo, o PS e, sobretudo, José Sócrates, ao tapete.

Todos os golpes servem e, de preferência, os mais baixos. Da insinuação de homossexualidade (que não é crime, claro, nem deve ter o opróbrio social, mas que insinuado magoa gravemente) – a insinuação é a mais torpe das atitudes cívicas – à questão do curso de engenharia, passando pelo caso Freeport e seguindo agora na procissão com o dossier chamado, sinistramente, de face oculta, tudo tem servido. Já o mesmo tinha acontecido com o Caso Casa Pia onde sempre se deu a entender que só eventuais socialistas teriam queda para a pedofilia e onde sempre que aparecia gente de algum modo ligada a outros partidos era desculpada ou rapidamente se deixava de falar nesses nomes. Ferro Rodrigues foi vítima de assassinato de carácter e que me lembre, os órgãos de comunicação social pouco se importaram com tal vilania. Creio que aplaudiram.

É preciso que os portugueses percebam que a perseguição vem de trás, muito de trás, e utiliza os mesmos vis processos. Hoje, abrimos a televisão e deparamos com gente a chamar de mentiroso ao Primeiro Ministro sem nada ter de provar. Mas isto será o menos. Hoje, não há programa noticioso que não tenha vários comentadores (e todos sempre muito alinhados) a debater o tenebroso plano de controlo da comunicação social por parte do PS, do Governo e, sobretudo, do Primeiro Ministro.

Portugal vive sobre escuta. E, com isso, ninguém se preocupa. Muito menos os OCS. Acham bem. Até muito bem. E qualquer peralvilho ouvido pode dizer isto ou aquilo que, se falar em Sócrates ou em PM, logo se levanta mais uma prova evidente de que o PM está envolvido em algo tenebroso e sinistro. Hoje, os heróis da liberdade são pessoas como Mário Crespo, Manuela Moura Guedes ou José Eduardo Moniz. Alguém se lembra do controlo de informação quase fascizante que José Eduardo Moniz meticulosamente executou quando liderou a RTP nos dez anos de cavaquismo? Algum OCS está interessado em investigar? Quanto a Manuela Moura Guedes não farei perder tempo aos leitores. A notável e demolidora intervenção do Sr. Bastonário da Ordem dos Advogados, Dr. Marinho Pinto, mostrou para gáudio da esmagadora maioria do país quais os processos que essa senhora utilizou reiteradamente durante anos e anos.

Pois parece que só em Portugal é que os jornalistas podem utilizar todos os meios para atingirem os seus fins. Tudo é lícito ao jornalista: a calúnia, a insinuação torpe, a entrada na vida privada, a conclusão definitiva acerca da culpa e da inocência e, agora está na moda, a utilização das escutas. Quantas escutas são feitas em Portugal de forma legítima? Quantas? Mas que importa se o não forem? O que interessa aos OCS é que todos sejam escutados. Pergunto: os jornalistas são escutados? Se o fossem muitas coisas, se calhar, saberíamos. Muitas coisas tristes. Insinuo? Sim: se todos insinuam tudo sobre todos também posso. Ou eu não posso?

O estranho é que os OCS ficam muito preocupados, alguns até indignados, quando se divulgam de forma ilegítima as escutas da fruta do Sr. Pinto da Costa. Aí logo aparecem autoridades, procuradores, advogados e OCS dizendo que está em causa o direito ao segredo de justiça. Mas se for o PM já é mais relevante o direito à perfídia e, como ele muito bem afirmou, o direito à espreitadela pelo buraco da fechadura…

José Eduardo Moniz propôs, em directo pela TV, que o Sr. Presidente da República demitisse o Sr. PM por causa da publicação pelo jornal SOL de um artigo/notícia que invocava escutas que não sabemos se autorizadas ou, pelo menos, se autorizadas a serem divulgadas. As conclusões desse artigo/notícia seriam a única prova. É sério isto? Mário Crespo foi fazer das mais ridículas figuras, em Comissão Parlamentar, mostrando T-Shirts com slogans e fazendo-se vítima de um sistema que apenas o protege. E porque o protege? Porque ele pode dizer tudo de todos e, contra ele, ninguém pode dizer nada sob pena de estar incluído no grupo que delineou o plano para controlo da liberdade de expressão em Portugal...

Os OCS vão-se protegendo uns aos outros. E está instalado o medo nos jornalistas. O medo não de receberem um telefonema do Sr. PM mas sim o medo de receberem o telefonema de um director de jornal perguntando se, acaso, não existem notícias ou entrevistas que permitam o ataque ao PM, ao Governo e ao PS.

Não falo do papel de abutre que a oposição tem tido em tudo isto. Destaco, pela negativa, o papel sinistro da Sr.ª Manuela Ferreira Leite. Uma mulher que nunca trouxe uma ideia nova para o país para além de propor que a democracia parasse pelo menos por seis meses…Fiquemos por aqui, até porque o desaguisado vivido na luta fratricida pelo poder no PSD basta por si próprio…

De facto, existe um problema na oposição em Portugal, um problema demasiado grave: é que mesmo estando o PS, o Governo e o PM sobre ataque permanente e cerrado em todos os OCS, é ainda o PS que sobe nas sondagens. Será que os partidos em causa não perceberam o sinal que isso dá? É: talvez seja melhor começarem a propor ideias justas e concretas para o país. Chega da política que apenas se sustém na estratégia de enlamear o opositor.


Para mim existe uma conspiração da comunicação social contra o governo e o PM. Os meus argumentos chegam. Não me peçam para prová-lo. É que antes de mim os OCS teriam de provar o que têm andado a dizer sobre o PS, o Governo e o PM. Os OCS ficariam em piores lençóis…porque há anos que nada provam.

O bom de história tão triste é que a conspiração de que vos falo é uma conspiração falhada. Ou seja, não tem o apoio do povo português!


Mário Máximo

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