terça-feira, 28 de junho de 2011

Ser o que importa

Nada tenho contra pessoas que escolhem ser independentes. É uma escolha tão válida em democracia, como ser militante de um Partido.

Mas, militantes ou independentes, se queremos estar na vida pública e política devemos sempre ser sérios e elevados. Afinal ser independente não é uma qualidade, que confere, por si só, um maravilhoso conjunto de poderes de sabedoria e competência. É apenas uma característica de alguém que escolheu não se filiar num Partido Político. Ponto.

Em Setembro de 2010, o CDS reuniu um grupo de cidadãos independentes, que denominou por “Pensar Odivelas”. Este apresentou propostas para a revitalização do comércio local. Apesar de, pessoalmente, ter dúvidas quanto à pertinência e aplicabilidade de muitas das propostas apresentadas, entendo este é um exercício de cidadania válido e importante, que deve de ter continuidade.

Aliás o PS Odivelas tem há já há 5 anos o seu Conselho Consultivo, constituído por figuras fora do espectro político, nas mais diversas áreas da sociedade, que dão apoio e parecer à elaboração dos seus programas e propostas.

Em Odivelas, foi a primeira estrutura deste tipo a ser criada. Não faria sentido recriminar o CDS por saber aproveitar as boas ideias dos outros, antes pelo contrário, é um sinal de inteligência.

Na passada 3ª feira, em Reunião Pública de Câmara, o Vereador Independente Paulo Aido, que aliás é vereador porque foi eleito numa coligação de vários partidos, e que recentemente concorreu ao lugar de deputado nas listas do CDS, acusou a Câmara Municipal de Odivelas de ter “copiado indevidamente” uma das ideias apresentadas pelo grupo de Cidadãos Pensar Odivelas, o Portal “Odivelas às compras”, bem como uma proposta sua apresentada em reunião de câmara, a reedição da Feira Odimostra.

A Câmara foi acusada de apenas ter “vocação para reproduzir o que outros propuseram, sem pudor de referir as fontes”, tendo gerado uma discussão reprovável, a um nível nada dignificador do órgão que todos os Vereadores, com ou sem pelouros, têm obrigação de dignificar.

Mas concentremo-nos no conteúdo, porque a forma para pouco mais serve do que para alimentar umas quantas colunas de jornal, uns quantos artigos de blog, ou alguns facebook mais ávidos.

Relativamente à Feira de ideias, Negócios e Emprego, ela faz parte integrante do compromisso eleitoral do PS para o mandato 2009-2013, no capítulo dedicado à Dinamização do Tecido Empresarial Local, ou seja, foi apresentada dois anos antes do Vereador Paulo Aido o ter feito. Basta conhecer o programa eleitoral dos adversários e estar um pouco mais atento para evitar certos passos em falso...

Já no que toca ao Portal “Odivelas vai às Compras”, a acusação torna-se (ainda) mais bizarra… O protocolo com a AESCLO que permitiu o desenvolvimento deste projecto foi assinado nos Paços do Concelho em 11 de Março de 2010, um dia depois de ter sido aprovado na 5ª Reunião de Câmara de 2010, em 10 de Março. Ou seja, mais de seis meses antes do “Pensar Odivelas”! Foi, aliás, votado por maioria...e, pasme-se, com a abstenção do Vereador Paulo Aido.

Mas tem o Vereador Paulo Aido razão numa coisa, este não é um projecto original. Trata-se de uma adaptação de um projecto criado em Melbourne na Austrália, com muito sucesso, o Brunswick Street. Mas como já firmei, saber encontrar e adaptar boas ideias é algo muito positivo, que deve ser destacado.

Conclusão? Ruído, demagogia, insulto, “ajustamento” de factos, “politiquice”, não têm necessariamente de ser características dos políticos, independentes ou não.

A forma como cada um escolhe estar na política, diz muito sobre si, acima de tudo enquanto indivíduo, e não como membro deste ou doutro Partido, ou até mesmo como independente.

Não está o erro em desejarem os homens ser, mas está em não desejarem ser o que importa.”
Padre António Vieira


Susana Guerreiro

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