A subcontratação de enfermeiros por valores inferiores a €4,00/hora, valores indignos para qualquer trabalhador, ainda para mais tratando-se de profissionais qualificados e com licenciatura, mereceu da parte dos enfermeiros como resposta, a recusa de trabalhar nessas condições.
Tal decisão, que mereceu o apoio e a compreensão generalizada do País, tal como mereceu forte crítica e censura aquela proposta de subcontratação destes profissionais, acabou por ter naturais consequências ao nível da prestação dos cuidados de saúde às populações. Tal aconteceu também em Odivelas, designadamente numa extensão do Centro de Saúde de Odivelas, como veio a público e que naturalmente agravou ainda mais a já há muito existente carência de recursos humanos nos nossos equipamentos de saúde.
Esta manifesta carência de recursos humanos de todos os quadrantes nesta área de atuação e as precárias condições de trabalho a que crescentemente os profissionais de saúde vêm sendo sujeitos, alegadamente por questões de ordem logística e contenção orçamental, são conjunturas que colocam seriamente em risco a saúde e o bem-estar dos portugueses.
São cada vez mais evidentes os sinais de que o atual Serviço Nacional de Saúde (SNS) está sob forte ataque, como nunca se tinha visto desde a sua criação.
É disso exemplo a paralisação realizada por parte dos sindicatos e apoiada pela Ordem dos Médicos, que no início do corrente mês de julho e durante dois dias procuraram demonstrar o seu enorme desagrado pelas políticas de saúde praticadas e por aquilo que apelidam de destruição do SNS. Isto depois do Governo se mostrar irredutível em relação às questões levantadas pela classe médica. Saliente-se que há 23 anos que não se assistia a uma greve geral desta envergadura.
Os médicos, enfermeiros e restante pessoal auxiliar, que todos os dias dão um precioso contributo para ultrapassar dificuldades e constrangimentos visando melhorar o acesso à saúde, veem o seu profissionalismo, dedicação e empenho a serem constantemente postos à prova, sendo recorrente a tomada de medidas que, evocando uma necessária restruturação, mais não fazem do que diminuir as já precárias condições de exercerem a sua profissão e, por consequência, impedir a prestação dos serviços de saúde à população com qualidade, eficiência e prontidão.
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